AMAZÔNIA. BELÉM (PA). O
CAOS NO TRÂNSITO NA GRANDE BELÉM E A RESPONSABILIDADE DE CADA UM:
PEDESTRES, CICLISTAS, MOTORISTAS, AMUB (ANTIGA CTBEL), DEMUTRAN
(ANANINDEUA) E POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
Por
Romulo Souto. Mestre em Engenharia Elétrica e Advogado
É
notório o fato de que o trânsito na grande Belém está um caos.
Engarrafamento praticamente em qualquer horário e em ruas que antes
nem sem imaginaria que isso iria acontecer.
O
crescimento econômico do Brasil, principalmente a partir do primeiro
governo Lula, deu-se com distribuição de renda e conseqüente
aumento de poder aquisitivo da população em geral o que permitiu
que, bens antes impossíveis de serem adquiridos por uma parcela
maior da população brasileira, passassem a fazer parte da realidade
dessa população. Como exemplos, notebooks,
televisores LCD e LED de variadas polegadas, motocicletas e o tão
sonhado automóvel.
Mas
não somente o aumento do poder aquisitivo permitiu a ocorrência de
aumento de vendas ocorrido no Brasil nos últimos anos. Foram
necessárias medidas econômicas por parte do Governo Federal, como
por exemplo, o aumento do crédito direto ao consumidor, o famoso
CDC, Leasing,
e a diminuição das taxas de juros, que no Brasil são astronômicos,
apesar de já terem sido maiores. Graças ao Banco do Brasil e da
Caixa Econômica Federal, foi possível diminuir as taxas de juros,
pois os bancos privados foram obrigados a seguir a mesma trilha,
diminuindo suas taxas. O mais interessante foi a propaganda de um
desses bancos dizendo que, sabendo das necessidades do país, aquela
instituição bancária havia diminuído suas taxas de juros. Quem
quis, acreditou, mas como incrédulo que sou, não concordei com a
(des) informação.
Justamente
a conjugação do aumento do poder aquisitivo, da facilidade de
crédito, com as concessionárias facilitando(?) a aquisição de
veículos, parcelando, em alguns casos, até em 80 vezes, permitiu
que muitos veículos fossem vendidos no Brasil. No Pará e,
especialmente na grande Belém, não foi diferente.
A
conseqüência desse aumento de automóveis na rua e a falta de
atuação do poder público para aumentar e melhorar as vias na
grande Belém proporcionou esse caos no trânsito que hoje
vivenciamos diariamente. Mas será que foram somente essas duas
condições que contribuíram para isso? Para responder esse
questionamento precisamos analisar cada um daqueles que fazem o
trânsito na grande Belém.
Da
vivência diária, no trecho Cidade Nova 8, Ananindeua (PA), ao
Bairro do Marco Belém (PA) , percebo a contribuição de vários
atores para o resultado desse problema.
Começando pelos pedestres. Observa-se que as pessoas têm o costume de andar pelas pistas de rolamento dos veículos, principalmente na periferia da grande Belém, atrapalhando o regular fluxo de veículos.
Os
ciclistas, poucos, mas existem aqueles andam na contramão, e em
áreas de tráfego pesado de veículos. Portanto, pela pouca
quantidade no trânsito de Belém, pouco ou nenhuma influência, no
meu entender, têm sobre o caos que se vivencia no trânsito.
Motociclistas existem, que fazem um jogo com própria vida diariamente. É absurda e assustadora a forma com alguns deles mudam de faixa na frente dos automóveis, mas muito próximos a estes. Mas, a exemplo dos ciclistas, apesar de que em maior número, pouca influência exercem no problema enfrentado no trânsito.
Os
motoristas, estes sim têm grande parcela de contribuição. Para
exemplificar tal assertiva relaciono algumas atitudes que contribuem
para o engarrafamento. Quem , pela manhã, no horário entre 07:00h e
09:00h, se dirige a Belém, pela Av. Três Corações visando pegar a
BR 316, entra da Rodovia Mário Covas, que possui duas pistas. À
mais a esquerda serve para aqueles que desejam acessar o viaduto,
para alcançar a BR 316, no sentido Belém-Ananindeua. Aqui ocorre o
primeiro
exemplo:
os “espertos ou espertalhões”, que não desejam entrar na fila
para acessar o viaduto, se deslocam pela pista da direita (que serve
para acessar a BR no sentido Belém-Ananindeua e ficam com os carros
parados nessa pista, junto à subida do viaduto). Como reflexo dessa
atitude, engarrafa indevidamente a pista da direita, impondo um ônus
considerável, indevido e desnecessário à parcela da população
que deseja ir para Belém.
Uns
poucos, que ainda não aprenderam viver em sociedade, os
“espertalhões”, e por isso não sabem ou fazem que desconhecem
que esse convívio exige limitações em nossos direitos para que o bem
comum tenha prevalência, agem de forma irresponsável.
Não
é razoável que o ônus que deve recair sobre todos aqueles que
fazem o trânsito seja arcado apenas por uma parcela da população
em benefício desses “espertalhões”.
Outro
exemplo,
que é similar a esse, é o que ocorre na BR 316, para aqueles que
fazem uso do túnel ou mesmo àqueles que se dirigem à Rodovia
Augusto Montenegro.
São três pistas, na BR 316, sendo que as duas mais à esquerda servem para acessar o túnel no sentido Ananindeua-Belém. A terceira, é para acesso à Rodovia Augusto Montenegro.
Novamente
os “espertalhões” não fazem uso das duas pistas à esquerda
porque têm engarrafamento grande. Eles, para contornarem esse
problema, fazem uso da terceira pista, que serviria para acesso à
Rodovia Augusto Montenegro. Esses maus cidadãos ficam com os
automóveis parados nessa pista com o intuito de entrar no túnel,
engarrafando o trânsito e prejudicando a vida daqueles que se
dirigem à Rodovia Augusto Montenegro. O pior, é que alguns
motoristas que estão na fila correta permitem que os “espertalhões”
acessem o túnel, prejudicando o trânsito. Para esses
“espertalhões”, fila é para “otários” (nós que ficamos na
fila, de forma correta, aguardando o trânsito fluir).
Terceiro
exemplo:
alguns motoristas acreditam que dar sinal para dobrar ou mudar de
faixa é para principiante, para quem não sabe dirigir, pois é um
festival de mudança de faixa sem que seja dado sinal, deixando o
motorista que vem logo atrás dessa pessoa a ser tornar um adivinho,
aplicando-se ao extremo a direção defensiva. Ainda bem que se
ensina essa forma de direção nas auto escolas, para evitar um
acidente, que dependendo da velocidade, poderá ser fatal. Vidas
poderão ser ceifadas, fruto da irresponsabilidade desses
“espertalhões”.
Também na mesma linha, alguns motoristas acreditam que a faixa pontilhada é para servir como guia para que o carro ocupe duas faixas, ou seja, a linha deve ficar entre as rodas direita e esquerda. Outros não sabem que faixa contínua significa que não pode ocorrer ultrapassagem e, dessa forma, passam de um lado para o outro dessas faixas e, mais grave, em curvas, como ocorre na Av. João Paulo II (Antiga 1º de Dezembro), nas proximidades do Utinga, pondo em risco a vida das pessoas.
Quarto
exemplo:
quem se desloca na BR 316, no sentido Belém-Ananindeua, nas
proximidades do Makro, é rotina alguns motoristas fazerem uso do
acostamento, diariamente, de segunda a sexta-feira. Se não fosse
pela irregularidade que tal fato configura, esses motoristas empatam
o acesso ao viaduto para aqueles motoristas que vão acessar a
Rodovia Mário Covas. Mais absurdo ainda, é que os ”espertalhões”
não permitem o acesso ao viaduto para aqueles motoristas que vêm
pela pista correta.
Quinto
exemplo:
desrespeito aos limites de velocidade. Pelo que conheço, a
velocidade máxima dentro de Belém e na BR 316, até o viaduto do
coqueiro, é de 60 km/h. Agora se você andar nesse limite, quando o
trânsito permite, alguns motoristas, ficam jogando luz, buzinando, e
até esculhambando.
No túnel, quando o trânsito permite, a velocidade para os “espertalhões” é a máxima que o carro permite. Exemplos disso são os motoristas de ônibus, no sentido Belém-Ananindeua.
Outro dia, quando me dirigia à Cidade Nova, mas ainda na João Paulo II, estava na pista mais à esquerda a 60 km/h. Isso foi motivo para um “espertalhão” me xingar porque acreditava ele que eu deveria mudar de pista para permitir a sua ultrapassagem. Contudo, tal pensamento somente estaria certo se eu estivesse a uma velocidade inferior a máxima permitida. O mesmo ocorre na BR 316.
Sexto
exemplo:
Não se respeita a preferência. Para alguns motoristas, basta dar o
sinal ou não, para que a preferência seja sua, de forma absoluta,
não se importando com quem vem na pista nem tampouco com a
velocidade. O “otário” que vem atrás que se vire, que se
exploda, ou que morra em um possível acidente que poderá ocorrer,
por imprudência desses “espertalhões”.
Ontem,
27/02/13, eu vi a superação de todas as imprudências, porque
ultrapassagem no viaduto do coqueiro é rotina: um carro na
contramão. O “espertalhão”, não querendo aguardar a sua vez,
sem o menor pudor, estava descendo o viaduto no sentido Cidade
Nova-Ananindeua, pela BR 316. Irresponsável.
Concluídos os exemplos da atuação de alguns motoristas, passa-se a abordar a atuação da AMUB, antiga CTBEL.
Quando
da implantação da obra do BRT, em 2012, feita de forma açodada,
pois deveria primeiramente aguardar o prolongamento da Av. João
Paulo II, que serviria de alívio para aqueles que moram fora de
Belém, mas estudam e/ou trabalham nessa cidade.
A
obra do BRT foi realizada sem o planejamento adequado. Lembro dos
primeiros dias das alterações no trânsito, em que a CTBEL não
colocou guardas de trânsitos em quantidade suficiente e em locais
adequados. Foi um verdadeiro caos. Somente com a atuação do
Ministério Público do Pará que melhorias foram implementadas.
Como
exemplo, a mão única na Rua Tavares Bastos. Contudo, não foram
pintadas as faixas de rolamentos. Assim, é um deus nos acuda nos
horários de pico para quem vai no sentido da Av. João Paulo II. São
criadas uma infinidade de filas, dificultando o trânsito
sobremaneira. Também se verifica que os ônibus e carros que vão
acessar a BR 316, no sentido Belém-Ananideua dobram sem dar a
preferência para quem vai para a João Paulo II. É um festival de
abusos e aborrecimentos.
Num
segundo momento, com alteração no trânsito para aqueles que
contornavam o complexo do túnel para acesso à Av. Pedro Álvares
Cabral. Com o fechamento desse acesso, a solução foi seguir pela
Rodovia Augusto Montenegro, fazendo o contorno há uns 500 metros.
Como a pista não tem faixa separando o fluxo, os motoristas se
amontoam de qualquer jeito tornando o trânsito mais lento, tanto na
ida quanto no retorno, para se evitar acidentes.
Ademais,
a Rodovia Augusto Montenegro tem diversos remendos mal feitos, com
muitas ondulações, que mais parece que você se encontra num popopô
(barquinho com motor de popa. O nome vem da onomatopéia do barulho
desse motor) em mar revolto do que em uma pista para automóvel.
A
falta de sinalização horizontal, tanto na Rodovia Augusto
Montenegro quanto na Rua Tavares Bastos, que já tive a oportunidade
de comunicar à CTBEL, contribuem sobremaneira para esse caos. Como
resposta do Ouvidor, recebi e-mail
informando que a minha mensagem foi repassada à equipe competente.
Mas isso já faz tempo, e ainda não recebi resposta e o problema
persiste.
O
DEMUTRAN, de Ananindeua, contribui para esse caos, pois o problema
relatado no que concerne aos “espertalhões” que acessam o
viaduto, ocorre exatamente na frente do prédio da DEMUTRAN, que
ainda não tomou providência, ou se tomou, não surtiu o efeito
desejado.
Finalmente,
a Polícia Rodoviária Federal. No que se refere ao problema do uso
do acostamento, na Rodovia BR 316, a partir do Makro, alguma vezes, e
bem poucas, já vi a atuação dessa Polícia, que realmente resolve
o problema momentaneamente. Acontece que não há regularidade nessa
ação, permitindo que o problema continue a existir.
Quanto
ao problema na BR 316, na entrada do túnel, enviei mensagem
informando sobre esse problema no sítio da PRF, há certo tempo, mas
nunca recebi resposta alguma, tampouco vi policiais rodoviários
federais atuando para resolver o problema, que, em decorrência
disso, também persiste.
Cabe
a cada um de nós fazermos a nossa parte, agindo de forma correta no
trânsito; cobrarmos das autoridades competentes a devida atuação e
não permitir que esses “espertalhões” levem “vantagem”
sobre nós “otários”, que aguardamos nossa vez no trânsito sem
jogar o ônus para as outras pessoas. Se cada um de nós pode esperar
na fila, que concordo é grande e demorada, os “espertalhões”
podem e devem esperar.
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